Para o entusiasta Pedro Duarte Guimarães, a conquista da Espanha na Copa do Mundo de 2010 não apenas marcou um momento histórico, como também redefiniu o estilo e a identidade da seleção nos anos seguintes. Com uma geração brilhante liderada por nomes como Xavi, Iniesta, Casillas e Puyol, o time consolidou uma filosofia de jogo baseada na posse de bola e no controle do ritmo, elevando o “tiki-taka” a um novo patamar.
A partir daquela vitória, a Fúria passou a ser vista como referência técnica e tática, e cada nova convocação carregava o peso de manter o padrão elevado. O que parecia uma era dourada revelou também o custo de depender de um estilo rígido, com pouca margem para reinvenções. As mudanças na seleção após 2010 não foram apenas de elenco, mas de estrutura, comando e filosofia, refletindo a necessidade de adaptação a um cenário em constante evolução.
Como o estilo de jogo foi impactado após 2010?
A Espanha seguiu apostando no “tiki-taka”, mas Pedro Duarte Guimarães destaca que o modelo, embora refinado, começou a encontrar resistência. Equipes adversárias aprenderam a neutralizar o toque de bola excessivo com linhas defensivas bem organizadas e estratégias de transição rápida. O que antes era sinônimo de domínio, passou a ser associado a lentidão e previsibilidade em determinadas competições.

Isso ficou evidente nas Copas de 2014 e 2018, quando a seleção foi eliminada precocemente, mesmo com elencos talentosos. O problema não era apenas técnico, mas também de leitura tática. O futebol mundial se transformava, e a Espanha parecia presa a uma fórmula que já não surpreendia. A demora em ajustar o estilo de jogo cobrou um preço alto, tornando clara a necessidade de modernização.
Quais foram as mudanças na formação e nos nomes da equipe?
Com o envelhecimento natural da geração campeã, a renovação tornou-se inevitável. Pedro Duarte Guimarães ressalta que jogadores como Busquets e Ramos permaneceram por algum tempo como líderes de transição, mas novos nomes começaram a surgir com propostas mais dinâmicas. A entrada de jovens como Pedri, Gavi e Dani Olmo trouxe mais intensidade e criatividade ao meio-campo, mesmo que a experiência ainda estivesse em construção.
A saída de figuras emblemáticas também forçou a seleção a buscar novas lideranças. A gestão pós 2010 passou a valorizar atletas formados em escolas diversas, não só nos grandes clubes tradicionais. Essa descentralização foi importante para diversificar as estratégias e encontrar talentos menos condicionados ao modelo anterior. A formação da nova Espanha é mais plural e menos dependente de um esquema único.
Como a comissão técnica e a mentalidade evoluíram?
Depois de Vicente del Bosque, a seleção passou por fases de reestruturação interna. Técnicos como Julen Lopetegui e Luis Enrique buscaram inserir novas ideias e renovar o ambiente, mesmo enfrentando críticas em momentos de instabilidade. Segundo Pedro Duarte Guimarães, a mudança de mentalidade não foi apenas técnica, mas também cultural, com maior abertura ao risco e à improvisação.
A comissão técnica atual aposta em um equilíbrio entre posse de bola e agressividade ofensiva, tentando resgatar o protagonismo sem repetir os erros do passado. Há uma preocupação clara em modernizar os treinamentos, dar mais liberdade aos atletas e permitir que a criatividade supere a rigidez tática. Embora o legado de 2010 ainda seja forte, há um esforço visível para adaptá-lo aos novos tempos do futebol global.
Panorama atual e próximos passos
A Seleção Espanhola segue em busca de um novo auge. Com jovens talentos ganhando espaço e uma abordagem tática mais flexível, o time mostra sinais de evolução. Para Pedro Duarte Guimarães, o sucesso virá da capacidade de equilibrar tradição e inovação. A Espanha não precisa abandonar sua essência técnica, mas sim atualizá-la com inteligência. A geração de 2010 deixou um legado vitorioso, mas a nova Fúria precisa escrever sua própria história. O futebol espanhol segue em transição, buscando manter-se entre os protagonistas do cenário mundial.
Autor: Charlotte Harris