A paralisação dos rodoviários na Grande São Luís provocou uma crise séria no sistema de transporte público, que agora afeta trinta bairros da capital maranhense. A greve da empresa de ônibus e a mobilização da categoria deixaram passageiros sem opções de mobilidade, gerando transtornos diários para milhares de pessoas. No centro desse caos está a Expresso Marina, cujos trabalhadores reclamam de atrasos salariais graves. A mobilização uniu também a empresa 1001, ampliando o impacto para além das linhas originalmente afetadas.
A crise não surgiu de repente. Os atrasos nos repasses da Prefeitura de São Luís para as empresas de transporte contribuíram para a instabilidade financeira do setor. Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros, o município deixou de pagar cerca de sete milhões de reais em subsídios necessários para remunerar os rodoviários de forma adequada. A situação agrava-se quando se considera que esse subsídio é essencial para manter a operação e evitar paralisações recorrentes.
Com a greve em curso, a frota de ônibus nas ruas ficou severamente reduzida. A paralisação nos terminais da Expresso Marina atinge diversas linhas que servem bairros como Cidade Operária, Cidade Olímpica, Maiobinha e Forquilha. A escassez de ônibus impede que muitos moradores se desloquem para o trabalho, para a escola ou para compromissos básicos, transformando uma mobilidade cotidiana em um verdadeiro desafio.
O Sindicato dos Rodoviários afirma que os atrasos de pagamento foram recorrentes, o que motivou a deflagração da greve. A decisão de paralisar ocorre em um momento delicado, pois a população da capital já lidava diariamente com os impactos das limitações no transporte. A paralisação simultânea da 1001 e da Marina resulta num efeito cascata que deixa muitos bairros desassistidos.
Do lado das empresas, a resposta também é grave. O SET (Sindicato das Empresas de Transporte) responsabiliza a prefeitura pela situação financeira e alerta que, sem uma normalização dos repasses, a paralisação pode se prolongar ou até mesmo tornar-se permanente. Para o sistema de transporte funcionar com normalidade, segundo essas empresas, é urgente que haja diálogo e renegociação dos subsídios pendentes.
Os moradores desses trinta bairros enfrentam consequências diretas. A falta de ônibus compromete a mobilidade urbana e aumenta o custo das deslocações, forçando muitos a recorrer a alternativas mais caras ou menos seguras. Além disso, a instabilidade no transporte público pode afetar negativamente a economia local, à medida que trabalhadores têm dificuldade para chegar aos seus empregos ou para atender demandas cotidianas.
A crise atual também deixa claro que o transporte em São Luís é mais do que uma questão logística: é uma pauta social. A mobilização dos rodoviários, aliada à obrigação das empresas de manter o serviço, evidencia as fragilidades estruturais do setor. Para resolver a situação, será preciso não apenas pagar o que está atrasado, mas pensar em um modelo sustentável de subsídio e operação.
Por fim, a paralisação expõe a urgência de políticas públicas eficazes para transporte coletivo. A retomada rápida e responsável da frota depende de negociação firme entre sindicato, empresas e poder público. Sem isso, o risco de novas greves permanece, e a população de São Luís continuará pagando o preço mais alto pela instabilidade de um sistema tão essencial.
Autor: Charlotte Harris

